1 Kingdom Hearts Birth By Sleep - Review Seg 27 Set 2010, 16:29
fsc1
Typoon
Quando Final Fantasy X foi lançado para a PS2, eu recordo-me de ver várias vezes o DVD que vinha incluído com o jogo, que trazia entrevistas com a equipa, artwork, e uma secção de trailers. Nesta secção de trailers existia uma zona com vídeos dedicados a jogos a lançar de futuro. Entre eles estavam dois trailers de Kingdom Hearts, um jogo que misturava personagens de Final Fantasy com os universos da Disney.
Não há como negar que o choque entre os dois universos, era o misturar de duas séries que tinham acompanhado milhares de pessoas por todo o mundo durante anos e através de valentes esforços, a Disney e a Squaresoft conseguiram criar um jogo digno de se tornar um clássico. Desde essa altura foram lançados vários Kingdom Hearts, incluindo Kingdom Hearts 2, Kingdom Hearts Chain of Memories e Kingdom Hearts 358/2 Days.
Volvidos alguns anos, eis que a série vai recebeu mais um jogo que visita o passado da história para contar alguns dos acontecimentos que ajudam a explicar melhor o universo Kingdom Hearts, além de abrir caminho para um suposto Kingdom Hearts 3. A consola escolhida para lançar Kingdom Hearts Birth By Sleep foi a PSP, uma consola talvez algo arriscada para receber um jogo que tenta recriar os gráficos e jogabilidade vistos na PS2. A verdade, é que Kingdom Hearts Birth By Sleep não só é um jogo digno da série, como um dos melhores da PSP.
Em Kingdom Hearts Birth By Sleep vão viver a história, não de uma, mas sim de 3 personagens diferentes que cruzam caminhos desde o início da história. Com os nomes, Ventus, Aqua e Terra, estes três estudantes da arte da Keyblade, treinam para um dia serem escolhidos como mestres.
Tal como nos restantes Kingdom Hearts, os 3 amigos acabam por se separar para viver uma grande aventura, mas desta vez, e ao contrário dos anteriores onde normalmente a história estava sobre os ombros de Sora (e em certos casos de Roxas), cada uma das 3 personagens vai explorar os mesmos mundos, mas por ordem diferente, até ao destino final.
A história de Kingdom Hearts Birth By Sleep é sem dúvida bastante boa e oferece três perspectivas da mesma. Ventus é o mais novo dos 3 e como tal, é também o mais curioso e inocente da equipa. Terra é o rapaz mais velho, mas vive numa luta constante contra a escuridão que vive dentro do seu coração e que ameaça ataca-lo a qualquer momento. Por fim, Aqua, é a única Keyblade Master da equipa, que tenta fazer o que é mais correcto de forma a proteger os seus amigos e manter a sua amizade viva.
Durante a aventura vão visitar vários universos criados de propósito para este jogo e os já óbvios mundos da Disney. No entanto, tenho a dizer que fiquei bem surpreendido pela escolha feita pelas duas companhias de incluir universos clássicos como o mundo da Branca de Neve e os 7 Anões e a Bela Adormecida. Mundos que nunca tinham sido apresentados anteriormente e que fazem a sua estreia na PSP com impacto. Claro que mundos mais recentes como o mundo de Lilo e Stich também fazem parte do cardápio.
Uma dúvida levantada em relação a Kingdom Hearts Birth By Sleep, era como a Square-Enix ia conseguir recriar a jogabilidade da PS2 na PSP, e a verdade é que consegue de forma quase perfeita, melhorando inclusive determinados pontos que aumentam a imersão e a velocidade do combate. A acção continua a desenrolar-se na terceira pessoa, com um misto entre plataformas e combate e alguma resolução de puzzles. A ausência do segundo analógico foi colmatada em certa parte com o uso dos dois gatilhos, que quando pressionados ao mesmo, servem também para fazer Lock-On a um inimigo.
Longe vão os tempos em que haviam vários menus in-game para escolher cada uma das habilidades. Agora, existe uma lista de habilidades e items com o nome de Command Deck, que podem seleccionar para usar em combate, apenas com a necessidade de seleccionar a habilidade pretendida com o D-Pad e desencadear o ataque com o triângulo. O MP também desapareceu e agora cada acção necessita de um tempo de recuperação para ser usada novamente.
O combate ganhou também mais alguma profundidade com a barra de combo. Ao atacarem, esta vai enchendo e quando cheia, permite fazer vários tipos de ataques, normalmente relacionados com o ataque que usam mais frequentemente. Por exemplo, se forem de ataques físicos, é provável que o ataque final seja o Gold Rush, no entanto, se usarem ataques de fogo, vão ter direito ao finisher Firestorm, que lança bolas de fogo contra os inimigos.
À barra de combo juntam-se ainda a barra D-Link que permite que activem as habilidades de outra personagem com a qual cruzaram caminho ao longo da aventura e por fim, existe ainda a barra Focus, que serve como arma de ataque contra inimigos voadores ou que estejam à distância, mas nada impede de usar o seu poder contra qualquer tipo de inimigos.
De volta aos Command Decks, aqui podem organizar não só os já mencionados Battle Commands, mas também os Action Commands, habilidades da personagem que permitem contra-atacar ou deslocar-se através de impulsos. É possível usar as habilidades e magias ganhas para fazer fusões e assim ganhar outras mais poderosas e com habilidades de aprendizagem, que permitem, por exemplo, aumentar a barra de vida, melhorar a eficácia dos items, entre muitos outros e o melhor é que após aprendidos através do acumular de experiência, estes ficam automaticamente ligados à personagem.
Tal como num verdadeiro Kingdom Hearts, aqui também as personagens evoluem e ganham experiência à medida que ganham níveis. Um novo nível significa normalmente um melhoramento no ataque ou na defesa e certos combates contra bosses desbloqueiam ainda outras novas habilidades. De forma a permitir que o jogador ganhe novas habilidades mais rapidamente foi adicionado a Kingdom Hearts Birth By Sleep um mini-jogo com o nome Command Board, onde existem vários mundos e há que competir com outras personagens para ganhar o máximo de pontos necessários.
Este Command Board faz lembrar jogos como Monopólio, pois é possível comprar casas para ganhar vantagem e usar as vossas cartas para activar todo o tipo de habilidades, que resultam no acumular de experiência para os ataques seleccionados.
Em relação aos inimigos, além dos típicos combates contra bosses, vão encontrar toda uma panóplia de Unversed, os novos inimigos da série, basicamente, criaturas criadas pelos maus pensamentos das pessoas. O nível de dificuldade do combate varia consoante a dificuldade que escolhem a início, mas com várias formas e estratégias disponíveis para eliminar alguns dos inimigos, vão ficar surpreendidos com a quantidade de vezes que vão acabar por perder, pois se não usarem da melhor forma as habilidades da personagem, vão ver a barra de HP chegar a zero bastante depressa. Kingdom Hearts Birth By Sleep é um jogo acessível, mas isso não quer dizer que seja um jogo fácil.
Apesar de ser essencialmente uma experiência feita a pensar na história. A Square-Enix não quis deixar de fora uma opção multi-jogador, exclusiva para jogar em Ad-Hoc, para Kingdom Hearts Birth By Sleep, por isso podem, juntar até mais 5 amigos e competir em vários mini-jogos, como a Arena onde lutam todos contra os Unversed em vagas ao estilo do modo Horde de Gears of War 2, Versus, para combate todos contra todos, Rumble Racing, um jogo de corrida similar à série Choco Racing, e por fim, também é possível jogar ao Command Board com os outros jogadores.
Quanto melhor a vossa prestação, mais medalhas recebem e com elas podem adquirir item raros para usar na aventura.
Vamos então passar ao trabalho feito pela Square-Enix a nível visual. Como sabem, a companhia lançou dois dos jogos visualmente mais atractivos para a PSP, Crisis Core Final Fantasy VII e Dissidia Final Fantasy. Pois Kingdom Hearts Birth By Sleep consegue elevar ainda mais a fasquia e provar que a PSP ainda conseguia ir mais longe. Os gráficos são absolutamente fenomenais e detalhados e ainda podem ser melhorados através do menu colocando o jogo em 32-bit, além da velocidade do processador ser aumentada para 333mhz para tornar a jogabilidade mais fluída. Os cenários podem estar algo despidos nas zonas mais centrais, mas isso já acontecia na PS2. É impossível negar, que falando numa PSP, estamos aqui a falar em gráficos ao nível do melhor que foi feito na PS2.
A nível sonoro, também Kingdom Hearts Birth By Sleep entra em jogo com a mão cheia de trunfos. A banda sonora é simplesmente épica, aproveitando músicas já utilizadas durante os jogos anteriores e incluindo novas melodias, inclusive, recriações das músicas clássicas dos universos da Disney. As vozes também estão todas no sítio certo e oferecidas por bons actores, como o incontornável Leonard Nimoy (Mr. Spock de Star Trek)
na voz do Master Xehanort, Jason Dohring (Veronica Mars) como Terra, Willa Holland (The O. C.) como Aqua, Jesse McCartney (Keith) no papel de Ventus e até James Woods na voz do eterno Hades.
Quanto à longevidade de Kingdom Hearts Birth By Sleep, se não fizerem todas as actividades e apanharem todos os emblemas podem contar no mínimo com pelo menos 20 horas de jogo para cada personagem, o que totaliza mais de 60 horas ao todo. O único ponto fraco deste sistema de 3 personagens fica ligado ao facto de não haver um sentido real de progressão única, pois nunca vão ter a mesma personagem e habilidades até ao fim, mas no fundo, sempre oferece um pouco mais de variedade à aventura.
Se juntarem a isto o modo multi-jogador, então podem certamente gastar aqui mais de 100 horas sem dar pelo tempo passar.
Existe outro ponto negativo caso não tenham um cartão de memória muito grande ou com espaço, pois é quase imperativo instalar Kingdom Hearts Birth By Sleep na vossa PSP ou então vão ser brindados com tempos de loading que podem chegar aos 20 segundos em áreas mais preenchidas. Mas no que toca ao jogo em si, a câmara é o único ponto menos conseguido, pois mesmo com alguma habituação, por vezes consegue ocultar certos inimigos.
Kingdom Hearts Birth By Sleep é sem dúvida alguma um dos melhores jogos lançados para a PSP. Mesmo que não gostem de RPG's, da Disney, da Square-Enix ou de cabelos espetados, este é um jogo que devem experimentar. Os níveis de produção estão tão elevados como se fosse um jogo destinado à nova geração e existe aqui tanto para fazer que dificilmente vão por o jogo de lado. Se precisavam de uma boa razão para voltar a ligar a PSP, Kingdom Hearts Birth By Sleep é das melhores apostas que existem no mercado, que por si só, já vale a aquisição de uma PSP.
Pontuação:
Gráficos - 95
Jogabilidade - 90
Som - 97
Valor - 93
Pormenores - 93
Total - 94
Pontos Favoráveis:
- Um bom episódio dentro da série
Gráficos soberbos
Jogabilidade que não fica a dever ao Dualshock
Banda sonora e vozes quase perfeitas
Multiplayer divertido
Longevidade enorme
Pontos Desfavoráveis:
- Tempos de loading longos se não instalarem
Problemas ocasionais com a câmara
Sentido de progressão algo perdido ao mudar de personagens
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Fonte:MyGames
Autor:Daniel Silvestre